memórias póstumas sobre

Sobre memórias póstumas
(1999)

Eu já havia trabalhado para cinema, fazendo cartazes e abertura de filmes. Dessa vez, o trabalho consistia em produzir as peças gráficas para o set, de um filme de época, de direção do meu irmão André.

Antes das filmagens, fizemos o material gráfico para captação de recursos. Como o filme ainda não havia entrado em produção, os atores, a direção de arte, enfim, a identidade do filme ainda não havia sido definida. Trabalhamos então com ilustrações de Orlando Pedroso, com um veio humorístico forte, e letras manuscritas, modernas, porém com referência à caligrafia antiga.
O material foi feito de maneira a não parecer muito suntuoso e ser versátil, podendo funcionar como pasta para envio de documentos durante a produção.

Sobre memórias póstumas
(1999)

Para as cenas, tivemos de produzir documentos, pastas, anúncios e uma reprodução do Jornal do Comércio, mas com notícias relacionadas a fatos do filme.

O jornal requeria uma acuidade de execução muito grande, uma vez que iria ser filmado de perto. Trabalhamos a partir de microfilme do jornal da época. A primeira página foi toda reconstruída e desenvolvemos uma técnica para imitar a qualidade de reprodução tipográfica da época.
A construção do título foi feita com cada letra posicionada de forma levemente irregular (com a linha de base oscilante). A tipografia foi a mais próxima que encontramos do original. Montamos a arte no computador e imprimimos em formato pequeno, para depois passar uma borracha introduzindo falhas nas letras e finalmente fazendo uma cópia xerox ampliada, em papel poroso, no formato final do jornal. As beiradas, tanto do jornal como dos demais documentos, foram cortadas também de forma um pouco irregular, rasgadas com régua.

Alguns documentos eram fac-símiles de material de época, com alterações que fizemos à mão, imitando a caligrafia original. Também encomendamos pastas especiais, com papel marmorizado, de um especialista.

Os anúncios faziam parte do delírio de Brás Cubas, sobre os 100 anos de sucesso de seu emplasto, de 1860 a 1960, e foram feitos através de alterações, no computador, sobre anúncios de várias épocas, recolhidos por uma equipe de pesquisa.

Apesar do trabalho ser bastante técnico, era muito rico, pois exigia conhecimento histórico e criatividade em soluções de produção gráfica. Além disto, o resultado na tela otimizou o efeito gráfico esperado, fez as peças crescerem.

Material gráfico de cena de longa-metragem
direção André Klotzel
projeto gráfico Ruth Klotzel
assistente de arte Ana Paula Leone | Tammy Takenaka
produção gráfica Rogério Nicolau